日本語教室

Aulas de Japonês

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Concurso de Karaokê do Curso de Japonês da UECE

要塞ソーラングループ

Grupo Yosai Soran de dança Yosakoi Soran

風林火山和太鼓

Grupo Fuurinkazan Wadaiko

セアラ州立大学日本語講座盆踊りグループ

Grupo de Bon Odori do Curso de Japonês da UECE

A INSERÇÃO DE ATIVIDADES CULTURAIS NO CURSO DE LÍNGUA JAPONESA

Wadison Melo

  1. Introdução

A atitude dos professores e dos alunos de língua estrangeira (LE) frente ao ensino da cultura desta língua é, às vezes, criticada. Alguns autores, por exemplo, criticam, dizendo que o ensino de uma cultura alimenta certos preconceitos. Em contrapartida, Moita Lopes (1996: 43) afirma que “a aprendizagem de uma LE fornece talvez o material primeiro para o entendimento de si mesmo e de sua própria cultura”.

Este estudo tem como objetivo verificar até que ponto a inserção de atividades culturais é válida dentro do curso de língua japonesa, tomando como referência o Curso de Japonês do Núcleo de Línguas Estrangeiras (NLE) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Aqui, tratarei da forma como manifestações artístico-culturais, como dança, música e teatro, podem auxiliar o aluno no aprendizado da língua japonesa.

  1. O Curso de Japonês do NLE da UECE

O Curso de Japonês do NLE da UECE possui aproximadamente 120 alunos distribuídos em 7 turmas. Em 2008, completa 15 anos de existência e hoje se transformou em um ponto de referência no estado do Ceará com relação ao ensino de língua e cultura japonesa. As aulas são dadas duas vezes por semana, tendo cada uma duração de uma hora e meia, podendo acontecer também de a aula ser dada em um único dia da semana com duração de três horas. Nas aulas, os alunos aprendem tópicos gramaticais, exercitam conversação e escrita, e também aprendem sobre história, geografia, economia, cultura japonesa, entre outros tópicos referentes ao Japão.

A união entre os alunos deste curso é uma de suas características mais marcantes. Esta união talvez se explique pelo fato de, embora cada vez mais crescente, o número de estudantes de japonês no estado do Ceará é ainda muito pequeno comparado a outros estados, fazendo com que eles se identifiquem uns com os outros, criando uma espécie de “tribo”, onde eles podem compartilhar os seus gostos e interesses, sem se sentirem estranhos ou diferentes.

Isso foi muito benéfico ao curso e a eles próprios, pois tornou o ambiente do curso mais agradável, fazendo com que eles se encontrem lá em horários fora do período de aula, para praticar conversação em japonês entre eles, formarem grupos de estudo, praticarem artes marciais japonesas e, mais recentemente, criarem um grupo de dança japonesa e um coral de músicas japonesas. Além disso, juntamente com os professores, se tornou possível até a criação de um grupo de monitoria em que os alunos que mais se destacam nas aulas são orientados em reuniões semanais, em que eles são incentivados a pesquisar e a apresentar seminários. Vale ressaltar que todos esses monitores são voluntários e fazem isso pelo simples desejo de ajudar os demais alunos e, também, por causa da admiração pela língua e pela cultura japonesa.

Diante de todo esse entusiasmo dos alunos, os professores devem ficar alerta, visto que alguns desses alunos podem se identificar de tal maneira com tudo aquilo que é japonês e, conseqüentemente, fazer com que abandonem a sua própria identidade cultural. Desta forma, cabe aqui estabelecer a seguinte problemática: como ensinar uma LE, mais especificamente a língua japonesa, sem fomentar preconceitos em relação à sua própria cultura?

  1. Conceito de cultura

Antes de mais nada, é necessário estabelecer um conceito de cultura, que sofreu diversas transformações ao longo da história.

Esboçarei aqui o conceito de Brown (1994: 163) que diz que cultura “é um estilo de vida, é o contexto no qual existimos, pensamos, sentimos e nos relacionamos uns com os outros. É a “cola” que une as pessoas. Trata-se de um sistema de padrões que permanece abaixo do limite da consciência. Embora todos esses padrões manipulem o comportamento humano como as cordas de uma marionete manipulam seus movimentos”, e o de Coll (2003: 3) que entende cultura como “o conjunto de valores, crenças, instituições e prática que uma sociedade ou um grupo humano desenvolve em certo momento do tempo e do espaço, em diferentes campos da realidade, a fim de assegurar sua sobrevivência material e a plenitude espiritual, tanto individual como coletivamente”.

  1. A cultura no aprendizado de língua japonesa

Com base nos conceitos acima, fica clara a relação que a língua estabelece com a cultura em que ela está inserida. A língua, neste sentido, torna-se o meio pelo qual conduzimos as nossas vidas sociais, e, quando usada no contexto da comunicação, fica ligada à cultura em múltiplos e complexos caminhos.

Kramsch (2002: 3) afirma que “língua é um sistema de signos que é visto como tendo seu próprio valor cultural. Falantes identificam a si próprios e aos outros, usando a sua língua; eles vêem a sua língua como um símbolo de sua identidade social. A proibição de seu uso é percebida freqüentemente por seus falantes como uma rejeição de seu grupo social e de sua cultura. A língua simboliza a realidade cultural”.

Com relação ao aprendizado de uma segunda língua, muitos autores defendem que é impossível se tornar bilíngüe, sem se tornar bicultural, pois, é justamente na cultura da língua-alvo que vamos encontrar as explicações que nos ajudarão a compreender melhor os aspectos comportamentais e idiossincráticos que ditam quando uma determinada expressão deverá ser usada.

Mas o que falar de uma atividade artístico-cultural? Como uma atividade de dança ou coral, por exemplo, pode trazer contribuições no aprendizado de uma segunda língua? Tentarei responder a estas questões com base nas observações que venho fazendo como professor do Curso de Japonês do NLE da UECE.

Quando indagados sobre como essas atividades contribuem no aprendizado de língua de cada um, os alunos são unânimes em afirmar que é na motivação.

Segundo Tapia (2004: 181) “a atividade acadêmica não se realiza de forma impessoal, mas em contexto social em que as relações entre professores e alunos podem afetar o grau de aceitação pessoal e afeto que estes experimentam por parte daqueles”. O ser humano é um animal social por natureza e, como tal, tem uma necessidade absoluta de se relacionar com os outros de seu ambiente. Essa tendência integrativa da pessoa é o principal fator interno ativador da motivação para muitos de seus atos. Por exemplo, se estivermos em um ambiente caracterizado pela presença de uma língua estrangeira, como nos ensaios de dança japonesa e coral japonês, naturalmente teremos uma forte e imediata motivação, para assimilar essa ferramenta que nos permite interagir no ambiente, participando e atuando nele. Quando essa motivação é elevada, os alunos são mais eficientes ao cooperarem do que ao competirem ou trabalharem sozinhos e, como resultado da atividade, conseguirão maior aceitação e contato com os outros. Além disso, o aprendiz de uma LE que não se identifica com tal cultura, normalmente por falta de maior informação a respeito da mesma ou por informações estereotipadas que o professor não soube corrigir, estará desmotivado a aprender sua língua.

Outra contribuição muito importante que essas atividades podem trazer é na assimilação lexical da língua japonesa. No caso do coral, além de os alunos aprenderem a articular os fonemas corretamente, descobrem o significado de novas palavras e estruturas sintáticas, e por estarem sempre repetindo-as nos ensaios, acabam por assimilá-las. Por sua vez, a dança, mais especificamente o Yosakoi Soran (dança nascida na província de Hokkaido no início da década de 90. É uma fusão de duas outras danças japonesas: o Yosakoi Bushi, da província de Kochi, e o Soran Bushi, de Hokkaido), apresenta, nas letras de sua música, palavras que não são usadas no japonês padrão, despertando no aluno a curiosidade em aprender novas variedades lingüísticas, eliminando possíveis preconceitos lingüísticos ou imagens

estereotipadas de outros dialetos que os alunos possam ter criado no decorrer de sua formação.


5. Conclusão

O contato intercultural mostra ao aluno a funcionalidade da língua e leva-o a se identificar com a cultura estrangeira e a desejar integrar-se a ela, todavia, isso pode levar o aluno a produzir o desejo de imitar, de pensar e falar igual ao estrangeiro, que, por um lado, é positivo, pois isso o auxiliará na assimilação da nova língua, mas, por outro, a exigência de uma pronúncia tão perfeita quanto a do nativo e a incorporação de hábitos culturais do falante nativo poderão fazer com que o alunos tenham uma identificação total pela cultura estrangeira e menospreze a sua própria.

O professor deve sempre orientar o aluno, de forma que ele perceba como o aprendizado de uma LE é importante, para que ele entenda a sua própria cultura, já que esse aprendizado facilita o distanciamento crítico através da aproximação com outra cultura.



6. Fontes

BROWN, H. Teaching By Principles. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1994.

BROWN, H. Douglas. Principles of language, learning and teaching. 4.ed. New York: Longman, 2000.

COOL, Augusti Nicolau. As culturas não são disciplinas: Existe o transcultural? Cetrans – Encontros, 9 mai03. Disponível em:

JARAMILLO, M. Cultural differences in the ESOL classroom. TESOL Quarterly, nº 1, mar. 1973.

KIKUCHI, Wataru. Considerações sobre o estudo da interrelação língua e cultura japonesa. In Anais do XII Encontro Nacional de Professores Universitários de Língua, Literatura e Cultura Japonesa, UFRJ, 1999.

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